terça-feira, junho 19, 2007

A falta que faz

Sinto falta de amar. Sinto falta daquele alguém para compartilhar as coisas simples e complexas da vida.

Aquele alguém que vai ouvir minhas reclamações e no final de tudo falar "calma, vai terminar tudo bem". Que vai me dar colo nos dias de carência, tristeza, insônia.

Aquele alguém que vai me abraçar forte e que em meio a uma turbulência vai estender a mão. Que não hesitará em me socorrer nas dificuldades.

Aquele alguém que vai dizer que estou linda mesmo com a cara inchada de sono. Que vai me olhar da forma mais carinhosa e apaixonada, típico de alguém que ama.

Aquele alguém que vai estar me esperando às sextas-feiras para passar o fim de semana. Que vai me receber de braços abertos de saudade.

Aquele alguém que vai brigar comigo e depois pedir desculpas com um gesto arrependido. Que vai procurar me agradar de todas as maneiras possíveis e inimagináveis.

Aquele alguém que vai ver DVD abraçadinho num sábado de chuva. Que vai ser a melhor companhia em meio a tantos amigos, e o melhor programa em meio a tantas opções.

Aquele alguém que vai ser cúmplice das minhas maiores vitórias e meus piores pecados. Que vai me apoiar em cada escolha, em cada momento novo da caminhada que tenho pela frente.

Aquele alguém que vai me beijar com tanto, tanto amor que me fará esquecer do mundo ao meu redor. Que vai viver comigo fazendo um ano paracer somente um segundo.

Aquele alguém que vai me escutar com atenção, mesmo que o assunto seja um simples corte de cabelo. Que vai ao shopping fazer compras, mesmo que fique sentado lendo revistas na loja.

Aquele alguém que vai me ligar só pra dizer "oi" ou "estou com saudades". Que vai me ligar só para dizer "eu te amo".

Aquele alguém que vai virar minha cabeça de paixão. Que me fará perder noites acordadas à dois, entre quatro paredes.

Aquele alguém que vai comigo dar uma volta na praia. Que vai voltar para casa e seguir a famosa rotina de um casal, a qual ninguém está livre.

Aquele alguém que vai dividir as contas, discutir valores. Que vai continuar me amando mesmo se eu estourar o cartão de crédito.

Aquele alguém que vai me fazer chorar de saudade, suspirar de amor e cantar de alegria. Que vai me fazer sentir aquela paz que provém somente do amor.

Aquele alguém que vai tomar conta dos meus pensamentos dia e noite, noite e dia. Que vai ser lembrado numa música romântica ou poesia de Vinícius.

Alguém que vai estar comigo até que a morte nos separe. Que vai ser pai dos meus filhos e junto comigo construir uma família.

Enfim, aquele alguém que vai ser meu amante, companheiro, amigo, cúmplice. Aquele alguém que somente se define nas palavras "aquele alguém".

sexta-feira, junho 01, 2007

Resposta

Fazia frio no aeroporto. Sozinha, com o sobretudo pendurado no braço, Juliana olhava vagamente para a pista de pouso. Um dia acinzentado combinava bem com o seu humor. "Com licença", disse um senhor grisalho, tirando-a de seus devaneios. Olhou para trás, nada. Sentia o vazio da partida tão solitária. Mais uma vez seus olhos buscavam a resposta, no café, na porta de entrada, na escada rolante. O barulho do aeroporto era somente o que conseguia ouvir, vultos o que conseguia ver. Voltou seu olhar para a pista de pouso. Chovia. E com a chuva, a lembrança do abraço, do beijo, do amor que ficava para trás. Foi sua escolha, seguia em frente. Com a chuva, uma lágrima. Mais uma vez procura, o olhar passeando entre os transeuntes. Reacende a esperança, corre, a respiração ofegante, "Você veio" (...), "Me desculpe, pensei que fosse...". Fogem as palavras. O olhar desta vez volta-se para o chão, a pulsação vai voltando ao normal. E a saudade... aperta, machuca, dói. O portão de embarque abre e sente-se desfalecer. Ninguém. Ninguém... outra lágrima. Incertezas poluem o seu pensamento. "Atenção passageiros do vôo 231, preparar para o embarque". Olhava e não via, buscava e não achava. Decide vestir o sobretudo. No bolso, um bilhete. "Levo você comigo, em meus pensamentos. Para sempre seu, com amor." Ali, num misto de choro e riso, encontrou a resposta.