terça-feira, dezembro 16, 2008

Felicidade egoísta

Um homem, uma mulher e um casamento de longos e longos anos. Estão infelizes. Buscam na terapia uma solução, mas não conseguem evoluir. São sempre as mesmas críticas, as mesmas mazelas, as mesmas discussões. Não se toleram mais. O lar já virou um ringue de onde todo dia um sai perdedor. Fracasso total.

Ok. Nesta situação, o mais lógico é pensar que, se um relacionamento está ruim, mesmo após muitas tentativas de entendimento, devemos pensar na nossa própria felicidade e terminá-lo. Terminá-lo na esperança de uma vida mais libertina, mais contente, mais grandiosa, mais tudo mais. Afinal, com as mil e uma possibilidades que o mundo nos oferece hoje, nos sentirmos infelizes se tornou intolerável.

Mas acho também que somos, hoje, mais egoístas do que ontem. Ontem, o amor, a família, o companheirismo, a estabilidade estavam muito mais em voga. Hoje, somos muito descompromissados, achamos que podemos ganhar o mundo e, se não o aproveitarmos ao máximo, ficaremos para trás. Temos pressa, corremos, enlouquecemos, como se em nosso peito houvesse um animal enjaulado querendo sair. Queremos tanto e podemos tanto que nos esquecemos de perceber que a nossa verdadeira felicidade muitas vezes está mesmo é no outro.

Posso ser romântica demais, mas admiro um relacionamento de longo prazo. É uma história que você constrói mediante dificuldades, sorrisos e lágrimas, que são o concreto de todo dia. Afinal, o ser humano não é um objeto descartável, como vemos muitas vezes por aí.

Acho que é só uma questão de encontrar alguém que a gente ame e tenha prazer em amar, para o sentimento ser prioridade na nossa vida e para estarmos dispostos a recomeçar. Assim, cada momento será um novo momento, cada hora será uma nova hora e cada manhã, uma nova manhã.

domingo, dezembro 07, 2008

Ferida

Escorre quente, queima o corpo.
Corrói, até o milímetro do intocável.
Desfaz o gozo, arde a boca, dilacera.
Dói insuportavelmente.
Machuca o corpo como ácido sulfúrico.
Sufoca e não volta mais.
E não volta mais.

... não volta mais.

Apenas seja

Enlouqueça-me com teus beijos. Deixe que o calor das tuas mãos corra pelo meu corpo e queime a minha pele. Faça de mim refém desse desejo que não podemos conter. Extasie o meu corpo como ópio até que me sinta trêmula de satisfação. Faça-me perder o ar até o limite do inconsciente, para depois voltar aos teus braços, sentindo sua pele na minha e ouvindo sua respiração ofegante. Prenda-me com seu amor para que assim eu não queira nunca mais sair. Faça-me sua, seja meu, hoje e amanhã e todo dia.