sexta-feira, junho 01, 2007

Resposta

Fazia frio no aeroporto. Sozinha, com o sobretudo pendurado no braço, Juliana olhava vagamente para a pista de pouso. Um dia acinzentado combinava bem com o seu humor. "Com licença", disse um senhor grisalho, tirando-a de seus devaneios. Olhou para trás, nada. Sentia o vazio da partida tão solitária. Mais uma vez seus olhos buscavam a resposta, no café, na porta de entrada, na escada rolante. O barulho do aeroporto era somente o que conseguia ouvir, vultos o que conseguia ver. Voltou seu olhar para a pista de pouso. Chovia. E com a chuva, a lembrança do abraço, do beijo, do amor que ficava para trás. Foi sua escolha, seguia em frente. Com a chuva, uma lágrima. Mais uma vez procura, o olhar passeando entre os transeuntes. Reacende a esperança, corre, a respiração ofegante, "Você veio" (...), "Me desculpe, pensei que fosse...". Fogem as palavras. O olhar desta vez volta-se para o chão, a pulsação vai voltando ao normal. E a saudade... aperta, machuca, dói. O portão de embarque abre e sente-se desfalecer. Ninguém. Ninguém... outra lágrima. Incertezas poluem o seu pensamento. "Atenção passageiros do vôo 231, preparar para o embarque". Olhava e não via, buscava e não achava. Decide vestir o sobretudo. No bolso, um bilhete. "Levo você comigo, em meus pensamentos. Para sempre seu, com amor." Ali, num misto de choro e riso, encontrou a resposta.

0 Comentários:

Postar um comentário

Assinar Postar comentários [Atom]

<< Página inicial