quinta-feira, junho 26, 2008

Amantes da Paixão

Toda noite a cena se repetia. Meia noite, na esquina da Igreja da Avenida 25 de Maio. Ela de vestido preto e cordão de pérolas, ele de terno cinza chumbo. Nos dias de frio, usavam um sobretudo; ela com meias calças pretas, ele com uma gravata vermelha.

Encontravam-se, um olhar. Sem nenhuma palavra, seguiam para um apartamento há duas quadras dali. Ao chegar, num toca discos antigo, um saxofonista entoava suas canções. Beijavam-se com a voracidade de dois amantes sedentos por paixão. Suspiros.

Abriam uma garrafa de vinho e dançavam com as taças nas mãos. O desejo pairando no ar, o calor aquecendo a brisa fria que entrava pela janela. Suas bocas unindo-se, a respiração ofegante, as primeiras peças de roupa no chão.

Acendiam a lareira, mais uma taça de vinho, e as mãos ávidas deixavam transparecer a lingerie negra, contrastando com a pele aveludada e trêmula. Deitavam-se sobre o chão, coberto com um tapete felpudo. Amavam-se, num misto de violência e prazer. Suor. Ápice. O coração batendo forte, braços e pernas entrelaçados, a languidez dos corpos exauridos despertando. Silêncio.

Levantavam-se na primeira luz do dia e colocavam as roupas. Um beijo antes de partir, as portas batiam. Como dois estranhos, eram recebidos pelo frio da rua. Caminhavam a passos largos, em direções opostas.

Esperavam ansiosamente pela noite que estava por vir; à meia noite, onde tudo iria recomeçar. Paixão.

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